COMUNIDADE SENHOR BOM
JESUS – VICENTINÓPOLIS
A VIDA DA COMUNIDADE
Sempre houve a necessidade de
conhecermos a formação de nossa comunidade, o início das atividades da Igreja
Senhor Bom Jesus, época de sua instalação, os motivos que levaram as famílias a
se instalarem em suas imediações e as razões pela escolha do padroeiro. Inúmeras
são as perguntas e poucas as respostas que encontramos, principalmente em
relação a datas.
Pesquisando a história da comunidade,
em fontes divulgadas oficialmente como Prefeituras, Cartórios de Registro de Notas
e Imóveis e em documentos públicos, encontramos fatos históricos que se iniciam
com o desenvolvimento do oeste paulista, ou sertão paulista como chamado
antigamente.
Historicamente,
o município de Jaboticabal, no ano de 1867, abrangia as regiões de São José do
Rio Preto, Jales, Fernandópolis, Votuporanga, Araçatuba, Barretos, Catanduva,
Novo Horizonte, entre outras, estando limitados pelos rios Mogi Guaçu, Grande,
Tietê e Paraná. Desde então, Jaboticabal teve diversos desmembramentos dando
vida a outros municípios.
A
expansão da cafeicultura para o oeste do Estado de São Paulo, na segunda metade
do século XIX, além da implantação das ferrovias, foram os marcos do
desenvolvimento da região, (1), local onde hoje nos encontramos.
Em 1º de Julho de 1898,
foram cortados e loteados terrenos (glebas de terras), sítios e fazendas no
chamado Sertão de Rio Preto
Uma
estrada Boiadeira, com demanda ao Sertão rumo ao Porto Taboado, passava pelo
Patrimônio Água Limpa, ponto de pouso de boiadas e comitivas que por ali
transitavam.
Com a venda de
glebas de terra aportaram desbravadores que deram início a derrubada das matas
e o plantio de café, cereais etc, Como ocorria em muitas localidades, naquela
época os lotes eram oferecidos gratuitamente para aqueles que tinham condições
de construir.
A 08 de
fevereiro de 1912, o Patrimônio Água Limpa, foi elevado a categoria de Distrito
Policial. Com ajuda do povo da cidade e da região houve a venda de terrenos
foreiros. (2) O referido patrimônio tornou-se o atual município de Monte
Aprazível comarca que inicialmente recebia os registros de nossa região. (3)
As Bandeiras,
símbolo maior do desbravamento do interior do Estado de São Paulo, ainda no
período colonial, foram os primeiros grupamentos civilizados a registrar
passagem por estes rincões utilizando a navegabilidade do rio Tietê. No
entanto, não deixaram qualquer sinal de civilização ou povoamento. Alguns
parcos registros históricos mencionam mapeamentos feitos na região com o escopo
de encontrar pedras preciosas e outras riquezas que pudessem dar lucro ao
império português.
Mais tarde, já
no período republicano, início do século XX, o anseio de povoar o interior do
País com o intuito de pacificá-lo como nação, ratificando o trabalho iniciado
pelos Bandeirantes, e defendendo nossa soberania contra os interesses de outros
países, somado à necessidade de escoar a produção aurífera das novas minas de
Cuiabá fez surgir a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), que havia sido
idealizada ainda no período imperial pelo próprio D. Pedro II, mas que não
tinha saído do papel.
Apesar das
dificuldades, com o passar do tempo a estrada de ferro foi avançando sertão à
dentro. Concomitantemente surgiram alguns lugarejos ao longo do traçado. Entre
esses, um inaugurado em 02 de dezembro de 1908 foi a estação Araçatuba. Há até
uma teoria de que a NOB e alguns políticos mantinham um relacionamento
estreito, manipulando a criação de cidades ao longo da ferrovia onde se fariam
pequenos loteamentos visando facilitar no futuro a reclamação das terras e
conseqüentemente evitar as disputas judiciais. (4)
Nesta época o
desenvolvimento da região se dava pelos dois lados do rio Tietê. De um lado
temos a Estrada de Ferro Noroeste do
Brasil que foi aberta em 1906 e que chega em Araçatuba em 1908 e em 1910
atingiu as margens do rio Paraná, em Jupiá. (5).
Pelo
outro lado do Rio Tietê com a chegada da Estrada de Ferro Araraquarense
(EFA), em 1912, até
Rio Preto, aquele município assume o seu destino de pólo comercial de
concentração de mercadorias produzidas no então conhecido Sertão e polo de
distribuição de materiais vindos da capital.(6)
Em 17 de fevereiro de 1919, o Senhor
Thomas Sebastião de Mendonça, e sua esposa, cumprindo promessa religiosa, doam
uma gleba de terra de 10 alqueires ao bispado de São Carlo, para que ali fosse
fundado um povoado em homenagem aos seus santos devotos, Santo Antônio e Nossa
Senhora do Carmo.
A 31 de dezembro de 1963 é publicada
no Diário Oficial do Estado, a elevação da vila a condição de Distrito, com a
transferência da sede do Distrito de Major Prado para Santo Antônio do
Aracanguá.
A ascensão a município veio depois de
muitas lutas. Em 19 de maio de 1991, finalmente a população de Santo Antônio do
Aracanguá aprova em plebiscito, a sua emancipação política, desmembrando-se do
município de Araçatuba e, abrangendo em sua área territorial os bairros rurais
de Major Prado e Vicentinópolis, que hoje são Distritos de Santo Antônio do
Aracanguá.(7)
Aprofundando
a pesquisa encontramos no Cartório do Registro de Imóveis de Monte Aprazível a
Transcrição sob número 541, livro n. 3, página 167, aonde o Senhor Augusto
Ribeiro da Silva, vindo de Jaboticabal trazido por José Bento de Camargo, faz o
registro da aquisição de terras situadas na Fazenda Macahubas, adquiridas do
Senhor Joaquim Costa e de sua esposa a senhora Elvira S. Costa, confrontando-se
por um lado com o adquirente, por outro com Jose Bento de Camargo por outro com
Francisco Lisboa e finalmente com o córrego Macahubas, registro este realizado
em 11/10/1928.
Encontramos
também outros registros realizados em 26/11/1931 e 12/12/1931, Transcrição
número 2.215, livro n. 2-C, página 136, do Cartório do 1º Ofício de Rio Preto,
onde consta o registro de recebimento por Sentença Homologada em Rio Preto em
21/09/1915 de suas primeiras aquisições de terras onde hoje nos encontramos.
Importa
que nestes documentos pesquisados consta também a partilha feita pelo espólio
de Anna Pereira Ribeiro, transcrições n. 8.570 a 8.578, registradas no livro n.
3-J, páginas 274 a 283 de 10/10/1938, onde aparece como confrontante da área
partilhada a “Matriz da Povoação de Vicentinópolis”.
Neste
mesmo documento há inclusive a seguinte citação: “...até encontrarem um marco
de pau-terra na divisa com Abrão Chibene e tomando por estas seguem no rumo
S.E. 2º700 metros até uma rua sem nome da povoação de Vicentinópolis e seguindo
por essa rua até o largo da Igreja, contornando-se o largo vão até a casa de
Abrão Chibene e daí tomando a estrada de automóvel que vai para Araçatuba...”
Assistindo
ao documentário produzido pela família, confirma-se a primeira aquisição do
patriarca Augusto Ribeiro da Silva no ano de 1905, e registro da propriedade em
1912, dado que se aproximam da pesquisa realizada.
Interessa-nos
que nestes documentos há o reconhecimento da área de terras de propriedade da “Igreja
Matriz de Vicentinópolis”, ou seja, a Igreja Senhor Bom Jesus de
Vicentinópolis.
São
muitos os nomes da época, diversas famílias vieram para esta região, adquiriram
suas propriedades, e, além da agricultura e pecuária, exploravam olarias.
Vale
ressaltar que estas famílias em algum momento formaram esta comunidade e com
seus esforços e dedicações escolheram Jesus como padroeiro a quem recorrer e
pedir intercessões a Deus. Lembrando o que ele mesmo ensinou, “onde dois ou
mais estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei”.
Consta
que a princípio era uma Igrejinha de pau a pique, depois fizeram um prédio de
alvenaria em seguida ampliaram e construiram a torre trocando inclusive o sino
por outro maior (não encontramos registros de datas), vindo novamente ser
ampliada na década de 1990 ficando da forma que se encontra hoje.
Assim
como a Igreja, logo providenciaram um salão para festas e um coreto de onde se
leiloavam os frangos e prendas trazidos pelas famílias em oferta e
agradecimento. Há relatos de que o frango era assado nas casas pela própria
família que os doava já assado.
O
antigo salão também fora ampliado e posteriormente demolido na década de 1980 onde
no local foi feita a construção da forma como é hoje e posteriormente ampliado
nas décadas de 1990 e 2000. Recentemente (2010) tem nova ampliação, agora da
cozinha.
Diversos
padres e religiosas passaram por nossa comunidade, inclusive há o registro de
um certo Padre Epifâneo, inclusive homenageado com nome de rua, porem nada
sabemos de sua vida, o que nos entristece.
Encontramos
nas Transcrições de Registro de Imóveis os seguintes nomes de pessoas que acreditamos
serem os fundadores desta Localidade:
1.
José Bento de Camargo e sua esposa
Antonia Honorata de
Jesus
2.
Augusto Ribeiro da Silva
3.
Joaquim Costa e sua esposa Elvira S.
Costa
4.
Francisco Lisboa
5.
Justino Pereira Dias
6.
Delfina Maria de Jesus
7.
João Lisboa
8.
Samuel
9.
Gracinda
10.
Miguel Mazzotti
11.
Abrão Chibene
Ressaltamos
que não há o interesse de privilegiar ou desmerecer alguma família, estamos em
busca da origem de nossa comunidade e convidamos a todos que façam seus relatos
por escrito, junte documentos, fotos, cópia de escrituras antigas e nos envie
para juntos apurarmos e construirmos nossa verdadeira história.
Concluindo
podemos declarar como registro inicial oficial o ano de 1912 como sendo de
fundação desta comunidade, ou seja, contanto com 98 anos de idade rumo ao seu
centenário em 2012. Podendo também estar completando 105 anos tomando por certo
o documentário produzido pela família. Caso alguém encontre documentos que
provem e contrarie esta pesquisa seus dados poderão ser alterados e publicados
posteriormente. Há muita pesquisa ainda por fazer.
FONTE
DE PESQUISA
1
- Prefeitura de Jaboticabal
2
– Foreiro – Aquele que faz uso de uma propriedade, recebe lucro e paga uma
quantia anualmente ao senhorio ou q ue
tem uso ou privilégio garantido pela lei.
3-
Cartório de Registro de Imóveis de Araçatuba
4 -Prefeitura Municipal de Monte
Aprazível
5
- História da Ferrovia
6
–Prefeitura municipal de São José do Rio Preto
7
– Prefeitura Municipal de Santo Antonio do Aracanguá
8- Pesquisa realizada pelo prof. Mauricio Camargo
8- Pesquisa realizada pelo prof. Mauricio Camargo