sábado, 29 de outubro de 2011

A ESCOLA COMO EU GOSTARIA QUE ELA FOSSE



Isabel Alarcão
Professores Reflexivos em uma escola reflexiva, (pág. 81 a 83), Ed. Cortez, 2003

            Tomando, como enquadramento, a definição e o comentário que, em seu redor, eu teci, gostaria agora de expandir um pouco esta ideia de escola, comunidade social organizada, detentora de uma missão e características específicas.
            Vou apoiar-me em palavras de Maria do Céu Roldão (2001), que ligeiramente modifiquei para caracterizar a escola como eu gostaria que fosse. Quero uma escola comunidade, dotada de pensamento e vida próprios, contextualizada na cultura local e integrada no contexto nacional e global mais abrangente. Não quero, pois, uma escola burocratizada que seja uma mera delegação ministerial. Desejo assim uma escola que conceba, projecte, actue e reflicta em vez de  uma escola que apenas executa o que outros pensaram para ela. Uma escola que tenha uma ambição estratégica por oposição a uma escola que não tem visão e não sabe olhar-se no futuro. Não quero uma escola que se lamente do insucesso como um pesado e frustrante fardo a carregar, mas uma escola que questione o insucesso nas suas causas para, relativamente a elas, traçar planos de acção. Uma escola que reflicta sobre os seus próprios processos e as suas formas de actuar e funcionar. Uma escola que analise, desconstrua e refaça as suas opções e a  sua acção curricular. Uma escola que saiba criar as suas próprias regras. Mas que, ciente da sua autonomia responsável, saiba prestar contas da sua actuação, justificar os resultados e auto-avaliar-se para definir o seu desenvolvimento. Em vez de uma escola que apenas cumpre as regras emanadas de outrem sem que ninguém avalie nada nem ninguém. Uma escola que se alimente do saber, da produção e da reflexão dos profissionais, os professores que, por isso mesmo, não se sentem meros assalariados. Uma escola à qual não é necessário ditar a formação requerida porque ela própria conhece as suas necessidades, cria os seus contextos de formação e integra a formação no seu desenvolvimento institucional. Uma escola que onde tudo gira à volta da sua missão: educar as novas gerações. Em suma, uma escola com cara, como diria Paulo Freire, e não apenas uma escola... anónima.
            Gostaria de acrescentar ainda mais um pozinho para me referir a uma escola de que todos se orgulham: os alunos, os professores, os funcionários, os pais, a comunidade envolvente. Quer isto dizer, uma escola onde os professores se sintam felizes e úteis à sociedade e onde os alunos apreciem como bom é crescer em saber.

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