“Analisando os recursos da cada escola, para a
formulação de um projeto de intervenção, que poderá ser adaptado a diferentes
realidades.”
INDISCIPLINA
A questão da indisciplina é muito ampla, demanda
compreender o que esta levando o aluno a criar estes momentos que atrapalham o
desenvolvimento em sala de aula. Na sondagem que estamos fazendo em nossa
escola de tempo integral, percebemos vários fatores que contribuem para a
indisciplina. Tínhamos a necessidade urgente de saber se possuíamos alunos não
alfabetizados, daí designamos uma professora readaptada com experiência em
alfabetização para aplicar uma avaliação diagnostica individual em alunos de
todo ensino fundamental, previamente indicado, pelos professores no
planejamento, cerca de quatro ou cinco por sala. Para nossa surpresa não há
nenhum aluno não alfabetizado. Encontramos alunos desmotivados, com dificuldade
de compreender a linguagem utilizada pelo professor, de reconhecer o
significado de certas palavras para interpretar e desenvolver as atividades,
casos de desajustes familiares, seqüência da matemática não compreendida e
outros. Também percebemos a necessidade de alguns professores prepararem melhor
suas aulas e mudar a metodologia utilizada de forma envolver todos os alunos. Para
sanar estes problemas estamos chamando individualmente os professores para uma
conversa reservada.
“Segundo
Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido, página 68, 27ª Edição, Editora Paz e
Terra,“Ninguém educa ninguém, ninguém
educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, ele
justifica que: ”O educador já não é apenas o que educa, mas o que, enquanto
educa, é educado, em diálogo com o educando, que ao ser educado, também educa.
Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os
“argumentos de autoridade” já não valem. Em que para ser-se, funcionalmente
autoridade, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra elas”.
Nesta citação apresentamos a estes professores
que é preciso se envolver no processo e priorizar a aprendizagem. Conquistar o
respeito do aluno não quer dizer impor determinadas exigências, gritos ou
expulsão de sala de aula. Educadamente, centrado no seu conhecimento, com visão
da totalidade da sala de aula, e das limitações encontradas em determinados
alunos, conduzindo sua aula num clima de respeito recíproco e ao aluno a
participar e se envolver também, onde ambos ampliam seus conhecimentos conseguindo
assim a aprendizagem através da troca de conhecimentos e do respeito mútuo.
Por outro lado solicitamos a presença das
famílias dos alunos indisciplinados. Juntos, pai ou mãe o aluno e a equipe
gestora, buscamos compreender o que esta acontecendo com o aluno ou com o meio
familiar ou social que está inserido e se há fatores perturbadores que estão
vindos para a escola junto com o aluno contribuindo para sua desmotivação em
relação à aprendizagem e desestrutura da sala de aula. Em determinados casos
avaliamos com a família a necessidade de buscar ajuda profissional em
seguimento médico.
Julio Groppa Aquino, Organizador, 10ª Edição, página
27, Editora Summus Editorial, selecionou e publicou um artigo de Leandro de
Lajonquière, onde cita que: “Todo ato de
“indisciplina escolar”, uma vez que é considerado justamente um epifenômeno de
uma realidade psicológica individual, acaba motivando as interrogações
seguintes: 1. deve-se encaminhar o aluno para uma avaliação clinica com vistas
à descoberta das causas desse acontecimento? 2. deve-se “aplicar uma sanção”
ou, simplesmente, “chamar a atenção”, na expectativa de contribuir para a
correção do desenvolvimento das capacidades psicológicas”.
Então no
diálogo com a família e com o aluno, às vezes só com a família num primeiro
momento, conduzimos uma reflexão sobre a necessidade de uma avaliação clinica
que pode ser só do aluno ou da família também, em muitas vezes observamos casos
em que um membro da família está agindo contribuindo para a revolta da criança.
E em casos que não há necessidade dessa avaliação clinica, aplicamos uma
“sanção” ao aluno explicando porque ele esta sendo advertido ou punido.
O próximo passo, uma vez terminado o diagnóstico,
aquela professora readaptada também irá trabalhar com alguns alunos
selecionados pelo grau de dificuldade de aprendizagem, na tentativa de
recuperar a aprendizagem perdida de forma que entenda e esteja em igualdade com
o restante da sala para acompanhar os demais alunos, sem utilizar de meios para
chamar a atenção e dispersar a sala toda. Tudo isso faz parte de um processo
longo, que demanda atenção dos gestores, que diante da indisciplina não deve se
prender somente ao ato praticado, mas ao todo, ao contexto dos acontecimentos,
apurando quem são os personagens envolvidos, aos fatores motivadores daquele
ato indisciplinar, da intervenção do professor, do momento em sala de aula e
dialogar com todos buscando sanar o problema que muitas vezes se repetem com os
mesmos personagens.
Mario
Sergio Cortella, em Não Nascemos Prontos, Provocações Filosóficas, página 69,
Editora Vozes diz que: “quando nada
parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelando sua rocha talvez
cem vezes sem que uma só rachadura apareça. No entanto, na centésima primeira
martelada, a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela a que
conseguiu, mas todas as que vieram antes”.
Esta
citação é para justificar todos os casos que já obtivemos sucesso e nos motiva
segui adiante.
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